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A conjuntivite avança com tanta velocidade em Minas que, em menos de um mês, o número de cidades com surtos cresceu cinco vezes. Até o momento, 222 municípios registraram um salto expressivo dos casos. Em março eram 41, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Não há como apontar um motivo para o aumento, mas dentre as hipóteses está o fato de as prefeituras estarem preocupadas com a situação e mais atentas à notificação, que não é compulsória. O Estado reforça que a doença é sazonal e os dados podem variar a cada ano.
O total de pessoas doentes também é impreciso. Segundo a SES, os surtos são caracterizados pelo crescimento repentino dos registros em uma mesma localidade, seja em ruas, bairros ou até mesmo em instituições. Uma cidade pode ter mais de um surto. No Estado já são 1.962. O número é dez vezes maior do que os 180 de todo ano passado.
BH teve a maior incidência, com 321 surtos até ontem. Há um mês, eram apenas dois. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a doença já fez 7.440 vítimas, considerando apenas quem passou pelos centros de saúde da prefeitura. É a pior situação dos últimos dez anos.
A pior situação em BH, é na regional Pampulha, onde já foram registrados 107 surtos neste ano
Causas
Típica de períodos quentes e úmidos, a conjuntivite também pode ter sido contraída por mais pessoas devido ao forte calor e às chuvas intensas dos últimos meses. “Com isso, as pessoas ficam em locais fechados. Em áreas de pouca ventilação, a transmissão tende a ser maior”, explica o coordenador médico da Clínica de Olhos da Santa Casa, Wagner Batista.
Para a oftalmologista Ariadna Borges Muniz, que também é diretora da Fundação Hilton Rocha, na região Centro-Sul da capital, a situação é ainda mais grave do que os números sugerem. Ela lembra que várias pessoas não buscam atendimento médico. “Às vezes, quando mais de uma pessoa é acometida pela doença na mesma casa, todos usam a medicação anterior sem consultar o médico”.
Ariadna Muniz reforça o coro de que o número de surtos pode ter relação com a maior notificação. “Como a doença começou a se espalhar, a própria secretaria tem exigido mais esses dados e os municípios têm repassado”.
Alerta
Para a diretora de promoção à saúde e vigilância epidemiológica da SMS, Lúcia Paixão, o esperado é que o contágio comece a cair nos próximos meses, mas o alerta continua. “Precisamos que as pessoas evitem compartilhar toalhas, fronhas, lavem bem as mãos e evitem coçar os olhos. São medidas simples, mas essenciais”.
Segundo a SES, desde que os surtos começaram a ser comunicados, o Estado encaminhou nota técnica para as regionais de saúde alertando e repassando orientações e a necessidade das notificações. Além disso, apesar do crescimento, a pasta informou que os dados já teriam apresentado redução nos últimos dias.