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Programa desenvolvido pelos CBHs Manhuaçu e Caratinga tem objetivo de compensar a produção de gases do efeito estufa nas ações do colegiado.
Foi realizada, na última terça-feira (7), na sede do Instituto Terra, em Aimorés, a 29º reunião ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica Águas do Rio Manhuaçu (CBH-Manhuaçu). O comitê adotou a proposta de fazer reuniões itinerantes pelos municípios que compõem a Bacia. O encontro foi marcado por apresentações de experiências exitosas no combate do efeito estufa no Estado e ações que contribuem para a diminuição do aquecimento global, além disso, foi discutida, por meio de vídeo conferência, a atual situação do contrato de gestão entre o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e o IBIO-AGB Doce.
Programa ECOz
Durante a plenária, foi feito o plantio de mudas de Sapucaia Vermelha para simbolizar o lançado o Evento Carbono Zero (ECOz), desenvolvido em articulação com os membros do CBH-Caratinga e CBH-Manhuaçu. O programa irá calcular toda a emissão de gases poluentes resultantes das atividades desenvolvidas pelos comitês e seus conselheiros e fazer o plantio de árvores para sequestrar o carbono. Dessa forma, os comitês pretendem quitar a dívida com o ambiente, reflorestar áreas degradas e aumentar a qualidade de vida nas regiões onde será feito o plantio.
Para o presidente do CBH-Caratinga e um dos idealizadores do projeto, Ronevon Huebra, o ECOz quer incentivar os membros de comitês a se engajarem na causa da mudança climática, atuando como multiplicadores. “Através do programa, contribuiremos para diminuição dos gases do efeito estufa no planeta, reflorestaremos uma área que precisa e ainda poderemos ajudar na contribuição para melhor absorção da água das chuvas no local do plantio destas espécies”, explicou.
Coube à secretária adjunta do CBH-Manhuaçu, Flávia Dias, que também participou da construção do programa, apresentar a metodologia e o cálculo final. “Em todos os nossos encontros vamos passar um formulário para cada membro preencher. Com esse questionário vamos fazer o cálculo de poluentes emitidos e no final do ano teremos um evento com o plantio de árvores”, explica. O programa conta ainda com o apoio do Instituto Terra que fará a doação das mudas.
Flávia adiantou alguns aspectos dessa iniciativa: “Os resultados serão positivos, uma vez que iremos plantar árvores dentro da nossa bacia, conservando nossas águas e filtrando o ar, além de servir de exemplo para outros comitês ou grupos organizados que trabalham em prol da conservação e restauração dos nossos ecossistemas”, destacou.
Mudanças climáticas
Segundo estudos da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), em Minas Gerais é esperado um aumento médio da temperatura entre 2°C e 4°C, variando em cada região.
A expectativa é de que seja gerado, em função dos impactos decorrentes das mudanças climáticas, um gasto de cerca de R$ 450 bilhões para a economia mineira, até 2050, para atender, principalmente, as regiões mais vulneráveis ao clima do Estado. “A iniciativa demonstra a capacidade de mobilização da sociedade em prol de uma causa. Acredito que o ECOz seja a iniciativa mais moderna de gestão integrada, descentralizada e participativa de águas do Brasil, neste momento. Uma semente que pode gerar árvores, cuidar do ar, recarregar nossos aquíferos, proteger os solos e ampliar os horizontes do ser humano sobre sua capacidade de rever sua relação com o planeta Terra, a nossa casa”, destacou o analista ambiental do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, Eduardo Araújo.
Projeto Pecuária Neura
Afim de apresentar a experiência exitosa na produção de carne, leite e madeira de maneira sustentável, na Fazenda Triqueda, localizada em na zona rural de Juiz de Fora/MG, o administrador Leonardo de Oliveira Resende explicou como funciona o sistema adotado na fazenda e o aumento da quantidade e qualidade dos produtos. “Com conceitos engajados na proposta da responsabilidade ambiental, a nossa fazenda produz de forma sustentável e ecologicamente correta. Adaptamos técnicas e práticas de desenvolvimento limpo e com baixo impacto ambiental”, explica Resende.
A pecuária é uma das maiores fontes de gases causadores do efeito estufa no Brasil, que possui o segundo rebanho bovino do mundo. De acordo com estudos, o gado, durante a fermentação no processo digestório, contribui com 22% do volume de metano emitido no território brasileiro. “Através da criação de gado em pastagem no sistema Silvipastoril, que integra a pecuária e a floresta no mesmo espaço, a fazenda consegue neutralizar todo o metano emitido pelos animais e gerar créditos com o meio ambiente, além de aumentar a produtividade. A fazenda produz agora gado de corte, leiteiro e madeira de qualidade”, conclui Resende.
RPPN
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Alto Boa Vista, em Minas Gerais, se tornou um modelo de gestão e recuperação de áreas degradas. A propriedade se tornou, desde 1994, um espaço para turismo ecológico e produção de eucalipto sustentável. De acordo com o proprietário Helvécio Rodrigues Pereira Filho, a propriedade, que possui cerca de 130 hectares e mais de 70 quilômetros de RPPN, está entre a Serra do Relógio, Serra do Mar e Serra de Ibitipoca. “Recebemos apoio da Aliança para Conservação da Mata Atlântica, através de um apoio financeiro de três projetos: dois de gestão e um de criação e ampliação da RPPN da Boa Vista”, explica Helvécio.
Atualmente, está sendo elaborado o Plano de Manejo das RPPN Alto da Boa Vista I e II, com auxílio da Fundação SOS Mata Atlântica. “O objetivo do Plano de Manejo é estabelecer um modelo de gestão, contribuindo para a manutenção dos recursos naturais da área com orientações sobre o uso sustentável do imóvel”, comenta Helvécio.
Contrato de gestão
Foi discutida, por meio de videoconferência, com a diretora do IGAM, Maria de Fátima, a atual situação do contrato de gestão entre o Estado e IBIO AGB Doce. As prestações de contas ainda estão em análise, porém foi assinado, no dia 29 de abril, um aditivo do contrato que prorroga as atividades da entidade delegatária e equiparada às funções de agência de águas da Bacia do Rio Doce, até dezembro de 2016. Com o aditivo do contrato, foram liberadas novas contratações com os recursos em caixa transferidos até 2015.
“O IGAM prorrogou o contrato até dezembro, porém ainda não chegamos a um resultado das avaliações das prestações de contas dos últimos anos. Como o Igam não tem uma área jurídica financeira repassamos para Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e estamos acompanhando todo o trabalho”, explica Maria de Fátima.
O ex-diretor de Gestão das Águas e Apoio aos Comitês de Bacia do Igam, Breno Lasmar, também participou da videoconferência e explicou que essa prorrogação ainda não dá total autonomia à entidade. “O IBIO-AGB Doce ainda tem algumas condicionantes que nos foi passada pela nossa auditoria por causa da prestação de contas. Esperamos que até julho tenhamos um resultado e saberemos se será possível trabalhar com um novo contrato com o IBIO, que começaria a partir de janeiro, ou, se por ventura, até essa data não tivermos um cenário propício para continuar com essa entidade, vamos juntos com os comitês mineiros do Rio Doce procurar uma nova entidade para dar continuidade aos trabalhos”, explicou Lasmar.
O presidente do CBH Manhuaçu, Senisi Rocha, indagou uma preocupação em relação aos recursos contingenciados, que seriam necessários para a continuidade das atividades do Comitê para o ano de 2016. “Estamos passando por uma fase de retrocesso nas atividades dos comitês. Conseguimos evoluir com o trabalho da agência, que nos dá apoio nos programas, e agora estamos sem recursos para colocar em prática o que estava previsto no Plano de Aplicação Plurianual (PAP) 2016-2010”, destacou Senisi.
Saiba mais sobre a assinatura do aditivo do contrato entre Igam e IBIO AGB Doce: http://goo.gl/JWpfBm
Assuntos gerais
Coube ao Senisi Rocha apresentar o projeto Memória do CBH Manhuaçu, que está sendo desenvolvida junto a conselheiros do Comitê e a Prefácio Comunicação, agência de comunicação dos CBHs. “Começamos a estudar e formatar um resgate histórico da trajetória do nosso Comitê. Depois desse resgate vamos apresentar três produtos: um livro, uma exposição fotográfica itinerante e um vídeo documentário”, explicou o presidente.
Também foi discutido o início das atividades do programa Olhos D’água, desenvolvido pelo Instituto Terra em parceria com o Comitê. Incialmente estava previsto que o programa contemplaria 500 nascentes na Bacia do Rio Manhuaçu, agora esse número dobrou, e está previsto a recuperação de mil nascentes e a instalação de mais de 500 fossas sépticas. “Os técnicos vão começar os trabalhos na próxima semana. Eles vão passar por um treinamento para depois ir a campo. Como o Comitê contribuiu com a coleta dos dados das propriedades, agora temos o prazo de dois anos para executar as ações previstas no programa”, esclareceu Gilson Gomes, analista do Instituto Terra.
Ao final do encontro, foi entregue aos conselheiros do CBH Manhuaçu o kit para o membro, que contem camisa, colete, boné, crachá e material didático, para dar continuidade aos trabalhos do Comitê. Esta é uma iniciativa que visa valorizar os membros da entidade e dotá-los de ferramentas para melhor representá-la por onde passarem, ao longo da bacia.
Prefacio Comunicação