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Enquanto o país amarga uma das piores crises dos últimos anos, o agronegócio mineiro continua segurando a economia no estado. Com o crescimento de 0,20% no mês de maio, segundo o Relatório PIB Agro MG, a renda gerada pelo setor para 2015 está estimada em R$ 162,514 bilhões. Desse valor, cerca de R$ 74,921 bilhões (46,44%) devem ser resultantes do ramo da agricultura e R$ 87,593 bilhões (53,51%), do pecuário.
O Relatório PIB Agro – Minas Gerais é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da ESALQ/USP, com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Minas Gerais (Senar Minas) e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Segundo o estudo, cresceu a participação mineira no PIB brasileiro do agronegócio de 13,17% para 13,33%. Entre os segmentos, básico, indústria e serviços registraram altas de 0,17%, 0,33% e de 0,26%, respectivamente. Já insumos segue em baixa de 0,54%. No acumulado, estima-se crescimento de 1,88% para básico, 0,43% para indústria, 1,23% para serviços, mas queda de 3,49% para insumos.
“Em comparação com os demais setores da economia, o agronegócio é o único que vem apresentando resultados positivos. Ainda assim, a influência do dólar mais caro já interfere na rentabilidade e intenção de investimento nas cadeias que demandam insumos importados, como a de grãos”, aponta a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso. Sobre o segmento insumos, ela lembra que há forte retração nas vendas de fertilizantes e corretivos e elevação de preços: “Isso sugere que os produtores reduziram compras antecipadas e estão cautelosos em suas intenções de investimentos para a safra que será plantada no período 2015/16”.
Por outro lado, segundo ela, a cotação do dólar tem auxiliado as cadeias exportadoras, tornando nossos produtos mais competitivos no mercado internacional. Outro destaque, na opinião de Aline, foi o segmento agroindústria, especialmente de processamento de carnes, produção de etanol e ampliação de investimentos e renovações tecnológicas no processamento de café.
Atividades ‘dentro da porteira’
A cotação média e a produção para o conjunto das atividades agrícolas apresentou elevação de 3,34% e 1,9%, respectivamente, com relação ao mesmo período no ano anterior. Entre os produtos acompanhados no estado, tiveram aumento de faturamento em maio: café (12,67%), batata (19,11%), laranja (7,59%), banana (10,21%), feijão (26,60%) e cana-de-açúcar (1,38%).
No caso da batata-inglesa, o crescimento da renda no período reflete a elevação de 21,82% nos preços, já que a produção tem queda estimada de 2,22%. Produtores de várias regiões pesquisadas, como o Sul de Minas, iniciaram apenas no fim maio a colheita da safra das secas, atrasadas por conta das chuvas no início do ano que retardaram o plantio. Assim, o pico de colheita em Minas Gerais será em junho, com as atividades de campo da temporada das secas seguindo até julho.
Para a laranja, o crescimento de 7,59% na renda esperada em 2015 vem do aumento da expectativa de produção (6,16%) e das cotações reais (1,34% em maio/15). Em relação à cana-de-açúcar, espera-se crescimento de 1,79% na produção em 2015 e pequena queda de 0,41% nos preços. O setor ainda enfrenta problemas de preços remuneração dos produtos finais (etanóis e açúcar), com estoques em alta e demanda enfraquecida.
Recuaram em faturamento: soja (4,94%); milho (5,15%); carvão vegetal (24,38%); mandioca (44,33%); tomate (9,98%); algodão (20,32%) e arroz (35,50%).
No segmento primário da pecuária, o avanço foi de apenas 0,14% em maio, com o preço médio ponderado 6,58% maior que no mesmo período de 2014 e pequena retração de 0,74% na expectativa de produção para o ano. Bois, vacas e pecuária leiteira apresentaram evolução positiva em faturamento, de 0,72%, 19,1% e 3,72%, respectivamente. Frango, ovos e suínos tiveram retração de 3,6%, 3,87% e 5,15%.
Com relação a bovinos, os preços reais para o boi acumularam alta de 20,05% no ano e, para vacas, de 19,83%. Segundo o estudo, embora o volume de animais para abate continuasse relativamente pequeno, a diminuição da demanda de frigoríficos, em função, principalmente, da dificuldade de venda no atacado, pressionou os valores.
Na atividade leiteira, a produção cresceu 18,47% ao ano e os valores acumularam queda de 12,45%. Apesar do patamar ainda abaixo do observado no mesmo período do ano anterior, em termos reais, os preços recebidos pelo produtor vêm se recuperando e devem se manter firmes nos próximos meses.
No mercado de suínos, a restrição de oferta e queda na temperatura em maio ajudou na recuperação da remuneração dos produtores. No entanto, no acumulado, os preços reais e a quantidade declinaram 3,48% e 1,73%, nessa ordem.
Assessoria de Comunicação - Viçosa