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O consumo de café no Brasil recuou 1,23% em 2013, totalizando 20,08 milhões de sacas de 60 kg, em comparação com 20,33 milhões de sacas em 2012, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (17) pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Trata-se da primeira queda desde 2003 e do segundo recuo da série histórica da associação, iniciada em 1990.
Em termos de consumo per capita também houve queda. O consumo por habitante foi estimado pela associação em 4,87 quilos (kg) de café torrado em todo o ano passado, contra 4,98 kg em 2012.
A Abic atribui a retração ao fato de que a mesa do café da manhã ganhou inúmeras novas opções de bebidas prontas para o consumo, como sucos, achocolatados e bebidas à base de soja. Embora ainda sejam pouco consumidas, essas bebidas têm apresentado crescimento bastante elevado e concorrem com o café, segundo a associação.
O Brasil permanece como o segundo maior consumidor mundial de café, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas em termos de consumo per capita, o país se posiciona entre o 7º e 8º lugar, segundo a Abic, no mesmo patamar de países como Itália e França.
Presente em 95% dos lares
O consumo doméstico de café atinge cerca de 95% dos lares, mas mantém-se estável, enquanto outros produtos ou novas categorias crescem acima de 20% ao ano, como é o caso do suco pronto (25%) e as bebidas à base de soja (29%), segundo pesquisas da Kantar Worldpanel.
"Essas categorias de maior valor agregado desafiam a indústria de café para a inovação e para a retomada de índices de crescimento maiores, o que pode ocorrer com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados", disse a Abic, em nota.
O grande consumo ainda se concentra nas classes C e D. A associação lembra, porém, que esses consumidores vêm procurando produtos com melhor qualidade, mesmo com preço superior. "Cafés gourmet e certificados parecem ser a nova tendência dos consumidores para os anos futuros", diz o relatório.
A Abic estima que o volume de vendas do setor de torrado e moído em 2013 tenha sido de R$ 7,3 bilhões.
Para 2014, a Abic estima a retomada do crescimento do consumo interno, "ao nível de 3% a 4%", com maior procura por cafés de melhor qualidade.
Vendas de café em cápsulas cresce 33%
Segundo a associação, 81% dos gastos na categoria café são feitos em supermercados. Fora do lar, o principal canal de vendas são as padarias. O relatório mostra, porém, que o consumo de café fora do lar segue crescendo, representando 36% do total.
O café em pó representou 87,4% das vendas, em valor. Os novos produtos, como cápsulas, café com leite e cappuccinos, representaram cerca de 3,5%, em valor, mas cresceram até 33% em virtude da forte demanda, informa a associação.
Preço nas prateleiras caiu
Os preços do café nas prateleiras do varejo diminuíram ao longo de 2013. Segundo o relatório, o valor médio do quilo caiu de R$ 14,82 em janeiro 2013 para R$ 12,55 em dezembro passado, com queda de 15% para os cafés tipo 'tradicionais'.
O café continua sendo um produto barato para os consumidores, considerando principalmente o seu custo por xícara após a preparação, diz a Abic. Em 6 anos, a alta acumulada foi de 24,6%, destaca a associação. "Nas prateleiras, o aumento do produto variou de R$ 10,15/kg, nos cafés tipo 'tradicionais', em janeiro de 2008, para R$ 12,65/kg em janeiro passado.
O relatório destaca ainda que diminuiu o número de empresas de pequeno porte no mercado de café. Em final de 2013, a entidade contabilizava 1.428 indústrias no país, de todos os portes, ante 1.490 no final do ano anterior.
A redução no volume do consumo interno tem levado a Abic a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo de café, investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos.