Os preços do café recuaram 20% este ano, amargando a maior queda em uma década para uma sequência de dois anos e exemplificando a luta em alguns mercados de commodities 'contra uma avalanche de oferta'.

A produção global de café está aumentando, resultado de mais hectares dedicados à cultura e à adoção de plantas mais produtivas e resistentes. Produtores da Colômbia e Etiópia tomaram a decisão de impulsionar a produção há mais de três anos, quando os preços estavam disparando. Agora, o mercado de US$ 6,1 bilhões de futuros de arábica, variedade de sabor suave que é usada principalmente em torras de alta qualidade e representa a maior parte da produção global de café, está às voltas com as consequências desse aumento.

Na segunda-feira, 30, os preços do café arábica caíram 165 pontos, ou 1,42%, para 114,70 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). A menos que haja um rali sem precedentes hoje, o último dia de negociação do ano, o arábica terminará o ano em território negativo, como ocorreu em 2011 e 2012. Os preços do café não caíam por três anos consecutivos desde o início de 1990.

Só desde o fim de 2011, a desvalorização acumulada é de 49%. Essa é a maior queda numa sequência de dois anos desde 2000-2001, quando as cotações recuaram 63%. Muitos investidores abandonaram apostas de alta dos preços e a maioria projeta que as cotações continuarão caindo, de acordo com dados da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC).

Enquanto isso, os preços de varejo de embalagens de café e café com leite têm se mantido relativamente estáveis, o que significa que torrefadoras e empresas de alimentos foram capazes de capitalizar os custos mais baixos da matéria-prima.

A queda acentuada dos preços do café é o exemplo mais proeminente da situação de excesso de oferta que tem assolado muitos mercados de commodities, pesando sobre os preços e afastando investidores. Empresas de mineração estão aumentando a produção em algumas minas de cobre, agricultores norte-americanos acabaram de colher uma safra de milho recorde, e a produção de petróleo nos Estados Unidos está crescendo. O Índice de Commodities Dow Jones-UBS caiu 8,2% no ano até o momento.

Na temporada que terminou em 30 de setembro, a produção global de café subiu 7,8%, para 144,6 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com a Organização Internacional do Café (OIC). Alguns observadores do mercado acreditam que a produção pode aumentar novamente em 2014. 'Eu não acredito que já tenhamos visto a mínima absoluta para os preços', disse Sterling Smith, especialista em futuros do Citigroup. 'Há uma forte possibilidade de que teremos produção recorde na nova safra de café.' A próxima colheita do Brasil chega ao mercado em junho, pesando ainda mais sobre as cotações. O Rabobank estima que os preços podem cair para 95 cents/lb até o quarto trimestre de 2014.

O Departamento de Agricultura dos EUA prevê que os estoques globais de café aumentarão 7,5% no final do ano-safra 2013/14, para 36,3 milhões de sacas.

Fonte: Centro do Comércio de Café de Minas Gerais
(www.cccmg.com.br/Conteudo/Noticias/10959/Precos-do-cafe-recuam-pelo-terceiro-ano-seguido-em-2013)